Escreve Fernando Azevedo. "A NOB em seus avanços desbravadores, através de florestas virgens e serras escarpadas, conseguiu atravessar os dois Estados centrais no Grande Oeste, estreitando a zona misteriosa, que nos separava dos Andes e subjugar a solidão desde o planalto até as chapada e os espigões, donde se entra a descortinar o espinhaço do continente ao outro oceano".

Junto com a ferrovia chegam materiais importados, que se incorporam às construções, surge casa de porão alto, sobrados com comércio na parte de baixo e residência no andar superior, com afastamentos laterais e platibandas ornamentadas. Aportam também, idéias inovadoras, respaldadas por informações atualizadas. A cidade modela-se, segundo parâmetros provincianos herdados da belle époque e de estilo art nouveau, onde o grande acréscimo populacional ocasionado pelo desenvolvimento do comércio regional e da cultura cafeeira provoca um fenômeno urbanístico inusitado; grande aumento de densidade populacional em contrapartida à menor expansão da área ocupada, que representa maior número de pessoas habitando por metro quadrado.

De forma empírica segue as pegadas dos grandes centros urbanos do país. Nem a derrocada do preço do café e o crack da Bolsa de Nova York arrefeceram o entusiasmo empreendedor dos 900 passageiros que, diariamente circulam pela estação ferroviária da cidade. Tampouco silenciam a acústica das buzinas e o fragor dos motores de automóveis, caminhões e jardineiras, que se incorporam definitivamente ao cotidiano de seus habitantes. Prédios de escritórios, edificações destinadas ao comércio e a prestação de serviços, começaram a tomar conta da aparência da área central da cidade.

Nessa ocasião um ser humano admirável, chamado JAMES H. ROTH, ex-consul americano, aposentado na década de 1920, que prestava serviços a ROTARY INTERNATIONAL, como representante especial na fundação de clubes rotários conheceu BAURU em 1.936. Privilegiado por uma acendrada experiência, burilada por 17 anos na organização e fundação de aproximadamente 200 clubes rotários em 47 países, compreendendo EUA, Europa, Índia Holandesa e América Latina, incluindo 95 no Brasil. JIM como era carinhosamente chamado se encantou com BAURU e a sua excepcional posição geográfica, valorizada pelas três Estradas de Ferro; NOB, SOROCABANA e PAULISTA, concluindo que a nossa cidade era o "berço ideal" para "embalar" um novo clube rotário.

Promoveu na ocasião a realização de três reuniões preparatórias, durante o mês de janeiro de 1936: no auditório da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, no salão nobre da CIA. PAULISTA DE FORÇA E LUZ e no recinto do jornal "CORREIO DA NOROESTE".

A primeira reunião ordinária realizada, com o clube já constituído, ocorreu no dia 30 de janeiro de 1936, 5º feira, em jantar no HOTEL CENTRAL, tomando posse na ocasião os 21 sócios fundadores e o 1º CONSELHO DIRETOR. Durante muitos anos o ROTARY CLUB DE BAURU se reuniu nesse hotel, sempre as 5º feiras, às 20,00 horas. A data da FUNDAÇÃO é considerada 28 de janeiro de 1936 e, a da FILIAÇÃO incidiu em 09 de março do mesmo ano, sob o nº. 3.925. E, finalmente, a CARTA CONSTITUTIVA foi entregue no dia 30 de junho de 1936, com a presença do então GOVERNADOR DE DISTRITO, o engenheiro ARMANDO DE ARRUDA PEREIRA, do R.C. de SÃO PAULO, o primeiro brasileiro presidente de R.I.

O ROTARY CLUB DE BAURU, não teve clube padrinho, devido todo o trabalho de organização e fundação ter sido obra de JAMES H. ROTH, falecido em 1968, na mesma casa onde nasceu em VENTURA na CALIFORNIA. No decorrer da sua proficiente vida, jamais faltou ao nosso fundador o reconhecimento dos rotarianos, inclusive do Governo do BRASIL, que o condecorou como "Cavalheiro da ORDEM DO CRUZEIRO DO SUL".

O primeiro presidente do nosso clube foi engenheiro ALFREDO DE CASTILHO, então diretor superintendente da ESTRADA DE FERRO NOROESTE DO BRASIL. O seu CONSELHO DIRETOR era constituído da seguinte forma: cônsul japonês, SHISHIRO HANAGUCHI, vice-presidente; jornalista e diretor do jornal "CORREIO DA NOROESTE", JOSÉ FERNANDES, secretário; bancário e gerente do Banco Comercial do Estado de São Paulo, JOSÉ NOGUEIRA DE CARVALHO tesoureiro; médico pediatra, ALENCAR DE CARVALHO, diretor de protocolo; comerciante e concessionário da Ford, ABEL DE ALMEIDA MAGALHÃES, vogal; e o eletricitário e gerente da CIA. PAULISTA DE FORÇA E LUZ, ARILDO SOARES, também vogal.

Este Conselho Diretor foi empossado em 30 de janeiro de 1936, pelo representante especial de R.I. e fundador do nosso clube, JAMES H. ROTH.

ALFREDO CASTILHO foi sucedido no seu cargo de presidente por OSCAR GUIMARÂES, vindo a seguir, o médico ALENCAR DE CARVALHO. Os 21 sócios que, em 1936 fundaram o nosso clube são os seguintes:

ABEL DE ALMEIDA MAGALHÃES, concessionário de veículos Ford;

ALENCAR DE CARVALHO, médico pediatra;

ALFREDO DE CASTILHO, engenheiro ferroviário, diretor superintendente da NOB;

ALIPIO GONÇALVES DOS SANTOS, médico e Diretor de Hospital;

ARILDO SOARES, gerente da CIA. PAULISTA DE FORÇA E LUZ;

CESAR AUGUSTO DE CAMARGO PINTO, gerente da ANDERSON CLAYTON;

IGNACIO NASRRALLA, produtor e exportador de CAFÉ;

JOÃO DE DEUS DA GRAÇA LEITE, contador e auditor da NOB;

JOSÉ FERNANDES, jornalista e diretor do CORREIO DA NOROESTE;

JOSÉ MANOEL CINTRA, cafeicultor;

JOSÉ NABANTINO RAMOS, advogado cível;

JOSÉ NOGUEIRA DE CARVALHO, bancário e Gerente do Banco Comercial do Estado de São Paulo;

JOSÉ RIBEIRO DA SILVA, tecidos-varejo;

LUIZ BOURGONE, farmacêutico;

LUZ SALLA, alfaiataria-confecções;

LEVINDO PAIVA DUQUE, drogaria-varejo;

PLINIO FERRAZ, pecuarista;

RODOLFO KOEPING, beneficiador de algodão;

SHISHIRO HANAGUCHI, cônsul japonês;

SILVIO MIRAGLIA, médico cirurgião e Diretor de Hospital;

WALDOMIRO GUEDES DE AZEVEDO, professor de Diretor-Proprietário de Colégio.

Atualmente o nosso clube, com 73 ANOS de profícua existência, conta com 38 sócios representativos e mais 05 honorários. Possuímos sede própria e a nossa obra comunitária maior é a LEGIÃO MIRIM DE BAURU, que ampara, educa e profissionaliza o ADOLESCENTE CARENTE, inserindo-o no disputado mercado de trabalho. Fundada em 1960, completará no próximo ano de 2010, 50 ANOS DE EXISTÊNCIA; encaminhando profissionalmente no decorrer destas 05 décadas mais de 20.000 jovens, mantendo permanentemente 850 aprendizes em CURSOS ou TRABALHANDO.

ANTÔNIO CARLOS MARTINS

SECRETÁRIO DO ROTARY CLUB DE BAURU – 2008/2009

E.G.D 1986/1987